terça-feira, 18 de outubro de 2011

Cartas de uma Apaixonada - A terceira

Cidade, 18 de outubro de dois mil e onze.


Querido querido
Primeiramente, bom dia, boa tarde e boa noite. Já que nunca lhe vejo, acho justo lhe desejar logo tudo de bom, não é? 
Sabe o que eu me peguei pensando hoje? (Claro que não, mas me deixe sonhar, que até onde eu ainda sei, não custa nada) 
Em nós. (Tá, não é como se fosse uma grande novidade, mas leia o resto antes.) 
Quero dizer, nas conversas que nunca teremos, naqueles momentos que nunca viveremos, aqueles que a gente sempre sonha, sabe? Não sei se sabe, mas é fácil de entender. Toda garota (ao menos eu acho que todas) sempre tem dessas. Daquela linda conversa maravilhosa onde nós estaremos descabeladas, sujas pelas mais variadas coisas que possam ter acontecido, mas mesmo assim com um belo brilho nos olhos que ele fará questão de ressaltar. E ainda completar com um "você é linda de qualquer jeito, meu amor, não se preocupe".  No meu caso, como romântica incorrigível e fantasiosa que me orgulho de ter voltado a ser, foi algo mais ou menos assim:


" - Já disse que amo seu perfume? - murmurei com meu rosto escondido em sua dobra do pescoço, fazendo questão de respirar mais um pouquinho desse seu cheiro bom e sorrindo sem nem saber se dava pra você ver. 
- Não. - você dizia rindo enquanto me fazia carinho. 
- Eu amo seu perfume. - eu dizia, só pra ressaltar. 
- E eu amo você. - você dizia rindo enquanto me puxava para um selinho. Daqueles que você adora ficar dando vários. Era quando eu ria e fazia bico.
- Você nem deixa eu terminar, essa fala era minha. 
- Então fale.
- Eu que amo você. - E sorria. Grande, bonita, feliz, como não fazia há muito tempo, um pouco antes de mergulhar num beijo seu."


Eu bem gosto dessa minha imaginação. É louca, é. Faz sentido? Nenhum. Mas é tão minha, tão boa, que chega consigo fingir por uns minutinhos que é verdade. Faz bem, antes de fazer mal. 
Acho que é por isso que muita gente tem problema no amor. Ao invés de amar quem tem do lado, inventam uma pessoa pra si, idealizada, perfeita, de frases feitas e clichês. Ou até sem as frases feitas e clichês, mas irreal do mesmo jeito. 
Eu já fiz isso. 
Não me dei muito bem. Duvido que alguém já tenha se dado. Mas é que com você não é assim. Eu não sei, mas acho que meio que sinto que você seria bem assim. Você passa sinceridade pelos olhos e felicidade pelo sorriso. Que seja besteira de apaixonada minha, mas é o que parece. 
Só que é só você que sabe. 


Eu andei pensando se não estou sendo muito idiota com isso. Quero dizer, será que é besteira insistir? Apesar de que eu não estou insistindo. Você tem sua vida e eu nunca me intrometi nela, e nem pretendo, na verdade. Então, será? Porque o amor é meu, o problema também e eu nunca quis colocar você no meio deles. E apesar dessas cartas serem pra você, não quero que as leia. NUNCA. De jeito nenhum. 
Já pensou na confusão que isso pode causar? Não, não mesmo. 
É como eu disse. Sua vida, seu amor, sua história. Não nosso, não nossa. Nada compartilhado. Cada um em seu quadrado, não importando se o que eu queria é que tivéssemos um retângulo, isso sou eu
Nada de nós. 
(Não sabe como me dói dizer tanto isso, mas é preciso. Deixo bem claro que não tenho esperanças tanto para você quanto pro meu coração. Já disse que ele é meio surdo né? Pois'é.)


Vou dormir. Acho que já tá mais que na hora de ir sonhar um pouco. É bom, faz bem. Recomendo a todos. 


Com amor, 
de alguém que te quer - muito bem

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